terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Manual de sobrevivência no Rio de Janeiro

Manual de sobrevivência no Rio de Janeiro (ou em qualquer cidade grande onde sair de casa e voltar inteiro é a maior tacada de sorte que você pode dar na sua vida)

_Seja urbana com a alma. É a única forma que você tem de sobreviver sem uma crise de pânico.

_Nunca use jóias ou qualquer coisa que imite jóias, esses troços que estão super na moda e brilham mais que diamante. Vai na Monte Carlo, na promoção vitálicia de 80% de desconto deles (o que que é aquilo?!) e você vai achar um montão a preço de banana.

_Ande sempre, sempre, pelo meio da rua. É mais fácil se recuperar de um atropelamento do que de um cartão do banco roubado ou de um chip clonado.

_Nunca ande em becos, cantos de ruas e caminhos desconhecidos. Google maps também serve para isso.

_Tenha sempre o dinheirinho do pivete no bolso da frente da calça. É mais rápido e seguro e eles geralmente estão dispostos a negociar tudo por "dez real".

_Olho de águia, sempre 2 quilômetros a frente, olho de sapo, 360º, 2km para cada direção. Se vai entrar em uma rua mal iluminada, aguarde atentamente companhia. O esquema é simples: tá vendo um poste piscando a sua frente, olhe ao redor. Se existir um grupo de pessoas mais adiante, dê uma corridinha de leve e junte neles discretamente. Ninguém à frente? Repare na retaguarda. Se alguém estiver a caminho, segure o passo, amarre o sapato, finja que esqueceu algo e dê um leve retorno. Quanto mais gente perto, menos você chama a atenção. Se ficar muito envergonhado de se juntar a um grupo de pessoas desconhecidas, peça uma informação qualquer. Não precisa pagar de maluca na rua se isso for te fazer sofrer.

_Por último, mas não menos importante, saiba se disfarçar. Sabe, sou uma mulher executiva e preciso ir trabalhar de acordo com minha realidade. Mas vocês sabem, quanto mais a gente parece rica (mesmo que seu cordão de pérolas seja proveniente da barraca de 20 pratas da feirinha da saens pena) mais os amiguinhos acham que tem ouro na nossa bolsa cheia de tranqueira. Mas não, não podemos perder a compostura, então a dica é simples: uma terceira peça poderosa e um salto imponente podem, sozinhos, compor um visual despojado/chic, super na moda e "bilia" como dizem minhas colegas de trabalho chiquérrimas. Então simplifique: um belo jeans e uma camisa básica vão resolver sua vida todos os dias. No trabalho, de blazer e salto alto. Na volta para casa, ambos dentro da bolsa reciclável, super sustentável que certamente você tem com a logo do seu supermercado. Jeans e camiseta não servem para os colegas. De pobre já bastam eles. Ah, claro, o problema da sua bolsa. É o item de disfarce número 2. Providencie mais uma bolsa sustentável, daquelas de paninho, que se dobram inteira e ficam micro dentro da bolsa. Na hora de sair do batente, amiga que rala, sua bolsa louis vitton irá direto para dentro de uma estampa de uma árvore ecológica linda de morrer.

Siga para casa. respire.

O Rio vale a pena. Eu acredito.

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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"