sexta-feira, 25 de novembro de 2011

dos anos 40 à década de 80 e nada exatamente mudou.

Meu marido me mandou um e-mail dizendo que tinha nos comprado um presente. Abaixo de sua assinatura, o tal: a assinatura completa de todos os canais de filmes da nossa tv a cabo. Dependendo da sua idade você pode achar isso um presente de grego ou o maior já dado a alguém. Entendo isso. Para ficar claro, vou explicar o nosso lado da moeda.
 
Quando nos conhecemos víamos uma média de 5 filmes por semana, entre clássicos, releituras e lançamentos. Ora no cinema, ora no conforto do lar. Meu primeiro presente para ele, me lembro bem, foi um aparelho de DVD, super moderno na época, que parcelei em 10X no cartão de crédito do meu pai. Hoje, 8 anos depois, muito de nosso tempo livre é passado em casa ou a mercê dos nossos filhos. Pegue este noite como exemplo, são 24hs de uma sexta, a babá foi embora e nos restou aquela cervejinha salvadora do final da semana. O mais velho vê Karatê Kid no quarto, o mais novo dorme. Eu, me delicio com nosso presente. O cinema sempre fez parte importante da nossa vida, no momento em que tínhamos o poder de decidir aonde ir quando queríamos e ainda hoje, quando a vida já não nos possibilita tanta liberdade.
 
Não há palavras para descrever o poder que o cinema tem sobre mim. Não há vírgulas que bastem para descrever os dois filmes seguidos que assisti em um dos canais que faziam parte do nosso presente. Não há conforto maior em estar perto de uma pessoa que não só entende, como compartilha desse fanatismo doido.
 
Mas uma coisinha eu posso pontuar (ou não seria eu, não é mesmo?). Piaf, um hino ao amor, embora tenha sido produzido em 2007, fala sobre vida da espetacular da parisiense Edith Piaf que teve seu auge de sucesso na casa dos anos 40. Footlose, clássico dos clássicos, produzido em 1984 por lá ficou buscando um retrato fiel do que juventude da época buscava para si. Um não tem nada a ver com o outro e eu poderia dizer que apenas a minha nostálgica animação por vê-los seguidos poderia interligá-los. Mas há sim, uma linda coincidência. Vejam por si sós:
 
"You'd be fine if you'd only cut loose, footloose
Kick off your sunday shoes
Oohee, marie shake it shake it for me
Oh milo, come on, come on let's go
Lose your blues everybody cut footloose

You've got to turn it around
And put your feet on the ground
Now take a hold of both" ------------------------------------ Footlose pontuou.
 
"Balayé les amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!" --------------------- Piaf concordou.

Sem mais e obediente, como sempre, termino mais uma semana, jogando os sapatos e varrendo minhas angústias. Contente, vou durmir.
 
Inté!
 
Obs: Na íntegra, as suas cenas finais e suas letras (com as devidas traduções!)
 
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!


Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!


Balayé les amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...


Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!


Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!


Não, Eu Não Me Arrependo de Nada

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo tanto faz!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus temores
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo tanto faz!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!
 
 


Footloose

Been working so hard
I'm punching my card
8 hours for what?
Oh tell me what have i got
I got this feeling
That time's just holding me down
I'll hit the ceiling or else i'll tear up this town

 
 
Now i gotta cut loose, footloose
Kick off your sunday shoes
Please louise hold me off of my knees
Jack, get back
Come on before we crack
Lose your blues everybody cut footloose

You're playing so cool
Obeying every rule
Dig way down in your heart
You're burning, yearning for some-
Somebody to tell you
That life ain't passing you by
I'm trying to tell you in a way that you don't leave town

You'd be fine if you'd only cut loose, footloose
Kick off your sunday shoes
Oohee, marie shake it shake it for me
Oh milo, come on, come on let's go
Lose your blues everybody cut footloose

You've got to turn it around
And put your feet on the ground
Now take a hold of both
Everybody cut, everybody cut
Everybody cut, everybody cut
Everybody cut, everybody cut
Everybody, everybody cut footloose

Sem Regras

Tenho trabalhado tanto
bato meu cartão
oito horas...pra que ?
Digam-me o que é que eu ganho
E tenho essa impressão
de que o tempo só está me estorvando
ou eu vou explodir ou farei esta cidade em pedaços!
 
Agora eu vou relaxar, sem regras
Jogue longe os seus sapatos de domingo
por favor, Louise, arranque-me dos meus joelhos
Jack, volte aqui
vamos lá, antes que tenhamos um ataque
Deixe sua apatia, todo mundo sem regras

Você está fazendo tudo direitinho
Obedecendo todas as ordens
Mas dê uma olhada no seu coração
Você está-se roendo, louco pra que
Alguém te diga
Que a vida não está te deixando pra trás
Eu estou tentando dizer de um jeito que você não precise deixar a cidade

Você ficará bem se relaxar, sem regras
Jogue longe os seus sapatos de domingo
Oohee, Marie, mexa, mexa pra mim!
Oh, Milo, vamos, vamos lá!
Deixe sua apatia, todo mundo sem regras

Você tem que virar essa situação
E colocar os seus pés no chão
Agora segure-se nos dois

Todo mundo fique, todo mundo fique
Todo mundo fique, todo mundo fique
Todo mundo fique, todo mundo fique
Todo mundo, todo mundo fique sem regras

Para entender a crise na Grécia de forma objetiva.

Um infográfico animado criado pela Videoinfographs.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Apego

Para ficar claro: eu sou uma pessoa apegada. Faço tudo com amor, mesmo o que não emprego tanta eficiência, e me apego. E tem outra também, sou exibida. Na sociedade que se divide entre vouyer e exibicionista, eu me encaixo no segundo grupo. E faz até sentido, convenhamos. Horas e horas desvendando (e se apaixonando!) um Mac + os mistérios da Adobe (duplinha danada de boa composta pelo photoshop + in desing), somados ao mundo lúdico de Carlos Drummond de Andrade, só poderiam resultar eu um momento "euquefiz!".
Então, meu povo, eu que fiz! A fofura não é digna da careca dele? Se eu detivesse os poderes da licença poética que meu professor me concedeu, assim sairia (inclusive com a primera coluna em branco que, sob protestos, mantive no projeto geral! Sou muito avançada para a minha época.. rs)
Desculpem os usar como cobaias. E, pessoas especializadas nisso, por favor, não cortem o meu barato. Não pretendo levar isso como profissão futura, não se preocupem! um pouco de inocência não faz mal a ninguém.

Happy Black Friday para todos!


Amo tanto que dói.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Manual de sobrevivência da alma Peter Pan


 Venho por meio desta informar que quem esperava um retorno cômico da minha saga com a laranjinha do Itaú será desapontado. Desde o fatídico dia em que um gringo me salvou no calçadão de Ipanema, aprendi minha lição e tudo corre como deveria. Para ficar claro e visando todas as pessoas que, como eu, possuem traumas infantis e gostariam de resgatá-los no presente, segue um pequeno manual de sobrevivência do nosso lado Peter Pan baseado em todas as cagadas que cometi nesta única semana:



1-       Deus! Se planeje. Poderia resumir tudo em apenas este item mas não teria graça alguma e pareceria mais simplório do que realmente é. De qualquer forma esse é passo primeiro, o que ignora a impulsividade e fixa o lado adulto pé no chão para que nenhum acidente mais sério aconteça. O que nos leva ao...


2-       Jogue-se, mas nem tanto! Para ser criança depois dos 18 só com licença poética assinada e carimbada do seu juízo. Afinal de contas se tem um ditado popular que todos nós descobrirmos depois de adultos como verdade absoluta é o famoso “quem tem c.. tem medo!”



3-       Controle sua ansiedade e seu medo do ridículo. Esse item é primordial porque a gente tem mania de ter medo do ridículo depois de velho (antes da senilidade, claro, onde tudo volta a ficar divertido de novo). Ria dele, ou se esforce para isso. Deixa a vida mais leve.



4-       O medo de se machucar, real, deverá ser substituído pelo seu alto poder de controle emocional (que, sim, você possui!!) através de um novo foco: o prazer de ter adrenalina correndo nas suas veias, tremendo suas pernas e acelerando seu coração. Andar de bicicleta, skate, patins, surfe ou seja lá o que você gostaria de fazer não mata ninguém, ao menos não a prática amadora (e responsável!) dos esportes. Ralados e cicatrizes revelam histórias para contar.



5-       Use roupas apropriadas, deixa a feira para outro dia e diminua o tamanho da bolsa. Inglês fluente é desejável, assim como um bom relacionamento pessoal e um pedido de desculpas bem convincente.



Parece difícil mas eu juro que não é. Essa é a parte boa em ser adulto, os monstros do armário ficam bem pequenininhos quando a gente dá um grito mais alto que eles.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Inovando e rodando!

“Inovar é um processo cumulativo. É pegar coisas que você já conhece, mas combiná-las de maneiras que você desconhece. Também é fundamentalmente desafiador, pois todos nós formamos hábitos nos quais nos apoiamos incansavelmente. Como tal, a inovação exige a capacidade de sair da zona de conforto – ex. colocar seu ego de lado e se tornar um iniciante de novo – e estar disposto a ver as coisas por uma nova perspectiva. É como em Flatland, onde uma esfera tridimensional está tentando explicar ao quadrado de duas dimensões que a terceira dimensão realmente existe. É quase impossível, e exige um esforço monumental do quadrado para entender que é verdade.

Então, qual é meu ponto com tudo isso? É que, todo dia, nós colaboramos com pessoas que, de um lado, estão pedindo inovação. Dizem que querem fazer coisas novas e fantásticas; campanhas, eventos, novos produtos, mas, do outro lado, tem agendas políticas e pessoais que, consciente ou inconscientemente, as previnem consistentemente de dizer sim às coisas que permitirão que a inovação aconteça. É impossível inovar permanecendo estático, mas você não consegue garantir que as coisas que você tem agora fiquem do mesmo jeito uma vez que você começa a se mover.”

Não é mentira, quase chorei de emoção quando li a coluna de hoje do unplanned escrito por Lizzie Shupak, Sócia e Concept Development & Strategy na Wok+Wine (http://unplanned.com.br/destaque/sobre-ser-inovador/) . Eu concordo tanto com isso que beirou o dejavú, ou, no mínimo a sensação, de que alguém entrou na minha cabeça e roubou meus pensamentos mais confusos. Porque, na real, isso tudo é mesmo uma grande confusão. Parafraseando a autora do texto (e morrendo de inveja do quão clara ela conseguiu ser!): “É impossível inovar permanecendo estático, mas você não consegue garantir que as coisas que você tem agora fiquem do mesmo jeito uma vez que você começa a se mover.”

As pessoas querem inovação, tem em seus desejos mais profundos o desejo secreto de ir cada vez mais para frente mas tem muita dificuldade em abrir mão do conforto adquirido de tudo o que já foi estabelecido. Nada contra àqueles que amam estar aonde estão, isto é uma opção linda de vida. O quiproquó se instala quando negamos esta força interna que nos mantém feliz paradinhos onde estamos. É preciso coragem para ir. Mais ainda para ficar. Só não dá para ficar no meio do caminho.

Aliás, parênteses necessários, poucas atitudes são mais irritantes do que a de viver em cima do muro. Atitude é tudo nessa vida, mesmo que a sua seja ficar mudando de lado por adaptação de caminhos. Inclusive, vocês sabem o que aconteceu com o menino que só ficava em cima do muro, né? Nada. Dizem que ficou com muito medo de descer quando anoiteceu.

Back. Lizzie estava se referindo a uma postura muito específica quando escreveu este artigo. Ela falava dos clientes que tanto querem inovação nos briefings e na hora da aprovação cobram estabilidade e segurança. Segurança no território do desconhecido? Desconheço. Nós é quem devemos ter a responsabilidade de acalmar seus ânimos? Em âmbito profissional, sim. De resto, lavam-se as mãos. Eu tenho apenas alguns problemas em separar uma coisa da outra mas isso é impotência minha, acho. Quando imagino um diretor de marketing (exemplo!) aprovando uma campanha, imagino que ele reflita o seu comportamento perante a vida: Você realmente compra essa ideia? Você tem coragem em levar isso adiante? Está pronto para deixar todo o seu conhecimento construído para trás e explorar territórios em expansão?

Lindo, Lizzie, você resumiu a diferença entre quem vai e quem fica em raríssimas linhas. Cabe a cada um vestir sua carapuça agora.

Ouvindo Johnny Cash me despeço, mas não sem antes postar um vídeo que, embora não fale exatamente sobre a ideia acima, também busca desesperadamente ordenar esse “mundo-muderno” louco que a gente sobrevive. Me contem!!


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A laranjinha e eu: uma odisséia na ciclovia de Ipanema

Eu vou contar uma coisa para vocês: eu sou uma pessoa muito legal. Meus filhos são extremamente educados e eu tenho a certeza de que sou uma boa companheira para o meu marido. As pessoas gostam de mim: sou leitora nata, cinéfila, cervejeira, gosto de futebol. Sou engraçada e muito dedicada.

Mas não, eu não sou uma pessoa prática.

Hoje fui trabalhar de metrô, meio que nunca uso visto que a estação da General Osório fica no inicio de Ipanema e meu trabalho na Anibal de Mendonça, final do bairro. Mas hoje tive um desvio de rota antes da labuta e o metrô me pareceu a alternativa mais eficiente, porém, seguido de um ônibus até meu destino.

Quando saltei do metrô dei de cara com um dos bicicletários colocados na cidade pela prefeitura com o apoio do Itaú bem na saída da estação. Mas, claro, como é que eu não pensei nisso antes???

A primeira coisa que fiz quando cheguei no trabalho foi me cadastrar no site (http://www.mobilicidade.com.br/bikerio.asp) e garantir o meu passe por R$ 10,00 pelo período de 1 mês. A partir de hoje resolvo todos os meus problemas com o transporte público do Rio: vou pegar o metrô e em seguida a bike. Pedalo pela orla até a Anibal e a deixo no bicicletário de lá. Na volta, é só fazer o caminho oposto. É agradavél, é saudável, é sustentável, é econômico, é tudo de bom!

Só tem um problema que no auge da minha empolgação não me pareceu tão relevante: Eu não sei andar de bicicleta. Ou, me corrigindo para não soar dramática: eu não aprendi a andar como todos mundo, enquanto criança. Meu pai tentou, coitado, me comprou uma linda biclicleta, me levava para a orla mas eu nunca quis saber, tinha medo de cair. Quando fiz 15 anos resolvi que queria aprender e, novamente, o meu pai me comprou outra bicicleta. Eu até andei mas não mais que duas vezes. 10 anos depois em viagem ao Le Canton eu e meu marido alugamos duas bikes e eu me arrisquei a dar umas voltinhas. E esta é a minha relação com a magrela, nua e crua, em sua totalidade.

Mas isso não importa, claro, porque eu sou uma mulher independente que pode resolver este detalhe em alguns segundos desengonçados. Muito menos o fato de eu estar vestida com um vestido transpassado de tecido levinho. Menos ainda o fato de eu ter feito feira e estar com 3 mamões e 1 caixa de morango em uma sacola enquanto a outra ostentava um pacote de fralda pampers com 60 unidades e uma pasta carregada de textos que ando lendo.

Na volta para casa, fui eu para o bicletário da Anibal garantir minha laranjinha. O processo foi super simples e em segundos ela já estava comigo na ciclovia. A partir daí o peso da minha ansiedade se transformou em uma comédia pastelão.

Vendo a minha dificuldade em ajeitar o selim e decidir onde colocar todas as minhas sacolas e bolsa, um cara em meio a um grupo de gringos logo esclamou: "Do you need some help?!". Eu, me justificando o mais rápido que pude, apontei para as sacolas informando, em inglês, que estavam muito pesadas e que seria muito difícil de equilibrá-las. Tentei de tudo: pendurar no pescoço, apoiar no braço, socar todos os itens na micro cestinha da frente, nada parecia ter jeito. Até que me pareceu mais lógico (!!) dividir o peso e pendurar uma em cada lado do guidon. Voilá!

Isto feito, chegou o momento de subir na biclicleta. E, juro, não havia cristo que me fizesse mover um mísero centímetro aquelas rodas. Quando me dei conta o gringo estava de volta, fazendo apoio no selim e bradando:"it's ok! I'll push you!!"

Aceitei a gentileza e embalei algumas padaladas sem jeito enquanto gritava "thaaankk youuuu!" E ele, ao fundo: "Just keep going!!. Obedeci.

Foi tenso. As sacolas batiam na roda e me faziam tender para o lado. Para me equilibrar acelerava o máximo que minhas pernas sedentárias podiam aguentar e isso só aumentava o meu pavor: Estava contra o vento e meu vestido ameaçou levantar. No reflexo, a mão segurava o vestido e a bicicleta tombava. Ou freiava bruscamente ou ia parar no meio fio: na sequência de três vezes que isto aconteceu, a pessoa que seguia atrás me rogou um pequeno palavrão sussurado. Juro que eu um momento escutei um rapaz falando para o filho do calçadão: "Olha! Ela está aprendendo a andar de bicicleta!"

Não estava dando certo. Enquanto me dava conta do perigo ambulante que eu era em pleno calçadão de Ipanema, meti o lado esquerdo do guidon no braço de um corredor. Andei o suficiente para sair da vista dele e achei por bem que era melhor terminar o percurso a pé.

Convenhamos, é preciso muito coragem para aprender a andar de bicicleta em plena Ipanema em horário de verão. Não vou nem citar minha idade e o quanto ridículo foi cada pedalada na laranjinha mas, em minha defesa, posso afirmar que aquela ciclovia não é para amadores não. Parece fácil quando você vê de longe mas o povo anda super embalado, com fones nos ouvidos e olhos fixos à frente. Tá bem, eles tem anos de experiência a mais do que eu... mas a verdade é que ninguém tem muita paciência com adulto que resolve suas questões infantis em pleno espaço público.

Ao invés de chegar ao metrô com as pernas doloridas da pedalada, cheguei com as duas trêmulas e o que dóia mesmo era meu braço direito, o apoio da magrela na caminhada final até meu destino. De qualquer forma, a adrenalina me corria pelas veias e eu fiquei super animada. A gente não deve subestimar o poder desse hormônio no nosso organismo, principalmente nos efeitos que ele tem na nossa sensação de bem estar.

De maluca da ciclovia, passei a ser a maluca do metrô: ria de chorar, sozinha, para o nada, apoiada na pilastra enquanto o trem não chegava. Claro que ia dar tudo errado, o mínimo que eu podia ter feito era ter vestido uma calça jeans e não ter feito feira, Deus! 

Se importa? Não. De uma certa forma eu não tenho mais medo de ser ridícula se eu achar que vale a pena. Amanhã eu tô de volta, com um pouco mais de prudência, claro. Mas tô de volta. Prometo que se eu cair eu conto! Por favor, não torçam para isto acontecer, sim?!

sábado, 19 de novembro de 2011

O caos. Terra de ninguém.

Eu já tinha visto no mural de algumas pessoas algumas reflexões a respeito da temática do filme "O preço do amanhã" que me fizeram ficar ainda mais curiosa para dar um pulinho no cinema. Tudo bem, era a minha segunda opção, queria mesmo ver o filme do menino de biclicleta dos irmãos belgas mas, antecipando o filme, eu não sou mais dona do meu próprio tempo e a única sessão que consegui pegar foi essa (também tinha a opção da saga dos vampirinhos mas adolecentes deprimidos não faz muito meu estilo pessoal).

O Justin era só um detalhe em um filme que tinha a Dra. 13 e o Leonard no elenco, convenhamos.

Enfim, comentários sériemaníacos a parte, sigamos. A história gira em torno de uma realidade futura onde nossa moeda passa a ser o tempo que temos de vida. Resumindo: quando nascemos temos 25 anos de bônus e até lá não passamos por muitos sustos. A partir de então cada minuto do seu dia precisa ser conquistado (leia-se, trabalhado) para que você possa viver. Se eu pudesse fazer um paralelo com os dias de hoje diria que não é possível viver no negativo do banco neste futuro imaginado: ou se tem, ou se morre.

A ideia me parece brilhante e extremamente atual. Quem não sofre de ausência de tempo? Me lembro bem de tempos em que a recomendação dos médicos era a de que precisávamos de, no mínimo, 8 horas de sono. Hoje são 7hs. Que mutação nosso corpo sofreu em metade de década que justifique essa redução?

Enfim, críticas ao sistema a parte, sigamos. Quando o mocinho, Justin, encontra a mocinha, garota da capa vermelha, eu me lembrei da "Dama e o Vagabundo": no meu mundo é assim, no meu é assado, vamos dividir esse macarrão e se apaixonar perdidamente.

Quando ele a sequestra e ela acha isso super normal, me lembrei de "Ata-me", com o louco do Almodóvar transformando o Antonio Bandeiras em um psicopata romântico.

Quando ela resolve vestir um sobretudo por cima de um mini macaquinho colado, desses tipo fraque, que é mais curto na frente, plus salto mega alto, plus franjinha e olhos marcados de lápis preto, me lembrei da Angelina Jolie em... em qualquer filme que ela faz onde é uma justiceira mega ultra super sexy e feminina.

Quando os dois começam a combater tudo e todos para roubar dos ricos e doar para os pobres e ficam repetindo: É roubo se já foi roubado?, me lembrei do Robin Hood na versão contada em Shrek 1, onde ele é um pela saco insuportável em quem a Fiona mete a porrada.

Quando eles sobem a escadaria de um mega banco, ele lindo, ela poderosa, sozinhos, enfrentando todo o sistema, me lembrei de "Born to kill", do Tarantino com um final mais parecido com uma versão do James Cameron. (Nesse momento me atentei especialmente ao salto da mocinha e me lembrei da minha amiga Elaine Monteiro que é única que eu conheço que se equilibra no 426 com um salto 20 e nunca, nunca! perde a elegância. Ela deveria ser dublês para este tipo de cena...)

Enfim, momento pessoais a parte, sigamos. Sim, eu saí com a problemática "O que ando fazendo com o meu tempo" na cabeça e, mais ainda, não consegui parar de pensar no fato de que o caos se instala no momento em que o filme acaba. Outra referência, esta angustiante, me tomou de assalto ao me lembrar de "Ensaio sobre a cegueira", o filme, não o livro, porque a trabalho psicológico do Meirelles merece esse destaque na memória.

O caos. Terra de ninguém.

A gente passa a vida inteira torcendo por um momento aonde a ordem se inverta e as diferenças diminuem mas ninguém para pensar que tipo de ordem se mantém enquanto as diferenças persistem. Não estou fazendo apologias à nada, nem poderia me arriscar a isso neste momento. Mas fiquei angustiada com a possibilidade de que tudo o que eu acredito ser a solução para um problema macro seja apenas a criação de um novo.

Bela mensagem muito mal passada, seria minha crítica se este poder eu tivesse. Roteiro fraco e pouco convincente para um tema que merecia ser explorado de forma mais lúdica e centrada.

Bom finalzinho de sábado!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A arte da simplicidade (ou, o que faz você feliz?!)

Eu sou uma pessoa simples que acredita muito na simplicidade. Não estou querendo ser repetitiva, apenas enfática, até porque conheço muitas pessoas simples que não acreditam, de verdade, na simplicidade.

Ser simples não é uma escolha, é algo que nasce, se desenvolve e morre com você e que te exige uma coragem danada de assumir nos dias de hoje. A essência desta idéia não está em seus falsos correspondentes como pobreza ou humildade, ser simples, é, na verdade uma arte. De autoconhecimento, de valorizar poucas coisas, de não fazer questão da maioria das coisas que nos é oferecida ao longo da vida. É tentar entender se você realmente precisa ter 5 versões do iphone e 20 calças jeans tom azul escuro lavado, é amar cerveja de garrafa (ou coca cola de garrafa!) e feijoada com couve, é assumir que prefere ficar em casa vendo a novela à conhecer a boate nova que abriu em Ipanema (ou o contrário!), ou seja, é de fazer o que se está a fim de fazer. Simples, né?

A gente tem uma mania muito feia de tantar julgar as pessoas o tempo todo, rotulando suas personalidades a partir de gostos que elas demonstram ter. Daí a dificuldade em se assumir simples e ser taxado de velho, introspectivo, antisocial, brega, ou muitos adjetivos bem desagradáveis que amam sair da boca das pessoas por aí. Você vai dizer: que se dane o que pensam os outros e eu vou responder, essa é uma utopia que não me pertence. Para mim, importa sim, vivemos ou não em uma sociedade feita de pessoas? A real introspecção é fingir que não liga para o que o que está a sua volta. Aliás, alguém já disse por aí, com muita propriedade, que nenhum homem é uma ilha.

Mas, voltando à difícil vida das pessoas simples, suas chances de isolamento são super altas e é por conta disso que as acho tão incrivelmente interessantes. Esse sentimento é o que chamo de acreditar na simplicidade: é a busca por uma vida mais enxuta e real onde as pessoas só existem em função do que as move de verdade. E indifere se seus atos são simplórios ou não.

Se você precisa ter 5 versões do Iphone e isso te faz feliz, baby, vá para a fila da apple. Eu ficarei em casa com meus livros e minha família, vendo o futebol quarta a noite e escrevendo meus textos. Falaremos a mesma língua se ambos acreditarmos na simplicidade. Eu acredito! E você?!

Não me decepcionem!
Bom finalzinho de quinta chuvosa para todos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Os olhos não pregados da boneca

Coraline conta a história de uma menina que vivia muito infeliz com os seus pais. Ela não tinha a atenção deles, e eles não faziam muita questão de tentar entendê-la. Exigiam dela maturidade  e não a tinham para vislumbrar o fato de que ela era uma criança querendo atenção.

Um belo dia, Coraline e seus pais se mudam para uma espécie de casa mal assombrada onde algo mágico acontece: por trás de uma pequena porta, algo bem semelhante ao que conhecemos com a portinha de Alice nos país das maravilhas, Coraline tem uma vida dupla. Na mesma casa, o que prova que ela não precisa mudar de ambiente para ser feliz, com as mesmas coisas, o que prova que ela já tem tudo o que precisa, mas com algo diferente: seus pais são dóceis. Lhe dão atenção, fazem o jantar, compram a roupa que ela quer, essas coisas de família em comercial de margarina.

Tudo é lindo e Coraline está certa de que seus novos pais são perfeitos. Até eles tentarem costurar botões nos seus olhos. Tudo, claro, vira um filme de terror e Coraline precisa correr para se livrar deles e achar seus verdadeiros pais.

Tirando o clichê "só-valorizamos-quando-perdemos", queimei as pontas de minha sensibilidade tentando entender qual era o lance com os botões. Sim, claro, tem o fato de que a "mãe" era na verdade uma bruxa que espionava Coraline através dos olhos de botões de uma boneca de pano a fim de saber tudo que a deixava infeliz para poder preenchê-la e, assim, a atrair para si (pelo afeto, não pela raiva ou pelo medo.. os vilões de hoje estão com um requinte de crueldade assustador!)

Mas, lá na raiz, qual é a dos botões?! É a nossa venda para a vida, que só nos faz enxergar o que queremos (ou o que queremos para nós?!)? É o símbolo do nosso egocentrismo e da nossa incapacidade de buscar entender o outro? Também poderia ser uma  severa crítica à mídia e à fábrica da cultura de massa que nos espiona (1984 na veia!!!) e que nos entrega prontinho tudo o que acreditamos que faltava para nossa plena felicidade?

No filme, se Coraline permitisse que lhe costurassem os olhos, sua vida seria para sempre da forma com que ela sempre sonhou (mentira, claro, não passava de uma jogada da bruxa para roubar sua alma, no melhor estilo João e Maria qundo a bruxa entopia João de comida para deixar ele bem carnudinho). Mas ela não permite, ficou com medo. Não da vida prometida, claro. Teve um acesso de racionalidade e percebeu que aquela história estava estranha demais.

Pois bem, tem muita coisa estranha demais e eu já não sei mais em quem acreditar. Como Coraline, jamais deixaria que costurássem meus olhos e, novamente como ela, o preço que se paga por escolher o caminho mais difícil é o de entrar em uma partida de xadrez sem saber o significado das peças.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

É o Tarantino, mais uma vez, me fazendo calar a boca


Muitas vezes, na nossa labuta diária de trabalho, funções, conduções e muita conta para pagar, a gente ainda pode se surpreender com um conteúdo delicioso onde menos se esperava encontrar.
Já no final do meu dia, após a entrega de um planejamento gigantesco que me tomou quase uma semana de dedicação, resolvi dar aquela passada de olho no globo online e fingir que me mantive informada hoje.

O médico do Michael Jackson foi condenado e já passou a noite na cadeia, o Lupi viajando e dando declarações como "Não saio. Podem me sangrar se quiser.", Romário lembrando que foi eleito para um cargo público e enchendo Ricardo Teixeira de perguntas bem indigestas, a garotada da USP continua enchendo o saco por absolutamente nada, Tarantino com filminho comemorativo no youtube... Pára tudo! Essa merece alguns minutinhos de atenção. A mini gravação, um belo apanhado dos melhores títulos do diretor, roteirista, produtor (...) foi só um aperitivo do que vinha logo abaixo.


15 minutos de Selton Melo e Seu Jorge fuçando toda a genialidade dele.



Não. Eu não vou falar mais nada. Até quem é cheio de opinião tem que reconhecer quando é a hora de calar a boca.

Até amanhã e, por favor, quem gosta de Tarantino, acreditem em mim e vejam. Quem não gosta, aposto 3 chopps na pizzaria do Bráz que vai ficar, no mínimo, curioso.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Eddie e sua presença serelepe na apoteose

Tá todo mundo falando. Comentários, críticas, agradecimentos, entre as mais variadas formas de expressão lá está Eddie Vedder e sua banda ainda com cara de garagem. Ontem foi o show aqui do Rio, na apoteose (de novo!), espetacular (de novo!), de lavar a alma (de novo!) e eu, sem medo de ser repetitiva, falo também.
Tudo bem, a cerveja acabou no meio do show, mas ninguém parecia ligar muito não. O setlist, além de extenso foi solidário. Ouvimos de Roger Waters a Johnny Ramone, este último com uma linda declaração de amor: "Eu sinto saudade dele todos os dias!" Assim mesmo, em português, com a palavra saudade e tudo. Emocionei.


Eddie estava falante e serelepe! Elogiou o público carioca sem cansar e não economizou nos hits. E, deus, que voz!

Momento gruppie: Fica aqui minha queixa clichê com a ausência de last kiss. Choro toda vez que escuto essa música e ainda tinha na memória o show anterior,  lá em 2005, onde eu, marido e filho na barriga, assistimos lá do alto da arquibancada os vários isqueiros ecoando: Oh where, Oh where, can my babyyyyyy be?!





Back à tietagem: lá para o segundo bis fomos um pouco mais para trás na esperança de achar algum vendedor de cerveja solitário. No frenesi da multidão, com uma cutucada no ombro, me dirijo ao lado indicado e dei de cara com um rapaz, de camisa amarela, copo de cerveja entrenhado nos dentes, olhando para o céu como a quem cultua algum Deus muito, mas muito bom. Ele não tinha braços, ele não tinha pernas. Ele tinha um copo de cerveja, uma camisa amarela e muita paixão por aquele som. Não me perguntem como mas ele entrou no meio da multidão e o perdemos de vista em segundos.

Da pena ao tesão de viver. Foi foda.

Em contra ponto, todo o lado engraçado da vida: ainda na fila, no espaço separado para as ovelhinhas seguirem seu caminho, a ambulante grita: chiclete, camiseta, cigarrooooooooo!!!!! Por cima da minha cabeça, a voz responde: cigarro, pelo amor de deus! Eu esqueci a maconhaaaaaaaaaa.

E assim, foi Pearl Jam. Foi culto, foi gente, foi beijo na boca, foi dor no pé, foi cerveja por seis reais, foi allstar, foi voltar no tempo, foi lembrar de gente querida, foi querer que meu filho cresça logo para vir no próximo show.

Obrigado e voltem sempre!

Do the evolution, baby!


sábado, 5 de novembro de 2011

94 anos e muito bacalhau

Aprendi a gostar de bacalhau com meu marido e sua família. São portugueses imigrantes, a geração dele é, na verdade, a primeira nascida no brasil. Ou seja, não se trata de um parentesco distante daquele que todos nós temos em vista que o brasil é um país de descendentes das mais diversas pátrias. São portugueses, lá de portugal, do vinho e do bacalhau, da fartura e da valorização da família. Do "coma mais, minha filha, estás muito magrinha". Da gentileza e do calor humano.

Aprendi a amar este país, antes tão desconhecido, amando essas pessoas e, principalmente, valorizando tanto gesto de carinho. Continuo sendo ricotta (nunca vou deixar de ser ricotta!) mas grande parte de mim, hoje, é amorim.
E foi essa parte que foi para a cozinha preparar um bacalhau para o meu marido hoje. Não sou tão boa esposa assim, foi para ele e foi muito para mim, preciso assumir, aprendi mesmo a gostar do peixe. Fiz duas receitas: uma, ensinada pela minha sogra, intercala camadas de bacalhau, batata, cebola e azeitona preta (e muito azeite!). Outra, adaptada para o paladar infantil do meu filho, virou escondidinho de bacalhau.

Almocei à moda deles, com uma taça de vinho tinto. E brindei à matriarca recém falecida que dizem as boas línguas, era a responsável pelos melhores bacalhaus já vistos no Engenho de Dentro.

Porque 67 anos não são 67 dias e dona Lucinda e sua infindável dedicação devem permanecer nas próximas gerações.

Bom sábado a todos!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nas mãos do povo

Pela terceira (e mais feliz!) das vezes acabei minha história com Bentinho, Capitu e Escobar. Estou sendo repetitiva, eu sei, já falei deles uma infinidade de vezes por aqui. Mas tenho defesa! Descobri que a releitura de um livro diz muito sobre a nossa personalidade ou, ao menos, nos fala que tipo de pessoa estamos nos tornando à medida que o tempo passa.
Não é segredo algum que o que determina se o seu contato com algum objeto de arte vai te tocar ou não é a sua relação com ele. O que me afeta pode, de longe, não afetar você, leitor escasso, se sua história de vida não tiver nada a ver com a minha.
É tudo uma questão de target!
Também não há mistério no fato de que nós mudamos ao longo de nossa vida. Amadurecemos, crescemos, ou não, aprendemos com a vida traços que só o tempo pode fazer visíveis. Claro que conheço adolescentes mais interessantes que muito adulto por aí mas essa não é a questão agora.
Hoje bato o martelo com a certeza de que me tornei uma adulta racional, extremamente objetiva e sensível a sutilezas de humor que sempre me faltaram. Tudo mostrado com a devida clareza por Bentinho e sua gigantesca paranóia.

Explico-me: Da primeira vez que li Dom Casmurro, na extinta oitava série, tive a certeza de que Capitu havia traído Bentinho, coitado do Bantinho! Na segunda, já no segundo grau, tive a certeza de que ele só era mais um dos muitos homens paranóicos que conheci ao longo da minha vida (àquela época eu já havia concluído que os homens tem uma tendência natural a paranóia). Hoje, meu veredito é o seguinte: Capitu e Escobar tiveram sim uma noite de amor (ou algumas!) com o único propósito de gerar Esequiel. Bentinho deixa claro, mais de uma vez, o quanto o casal queria e tentava gerar um filho e não conseguia. Sendo assim, concluo, foi um ato de amor por parte de Capitu e Escobar. Desses atos que ninguém consegue explicar ou racionalizar. Simples (e genial!) assim! Romântico e prático. Capitu morreu de desgosto e Bentinho viveu sob a penitência da dúvida e da paranóia eterna. 

Mas preciso fazer uma ressalva: um pouco de cada fase ainda existe dentro de mim. Ainda tenho pena de Bentinho, como tinha lá na escola. E ainda acho que os homens são muito paranóicos, tal qual conclui na minha adolescência. Pensamentos distintos para um sentimento parecido.

Com o perdão da palavra, Machado é Foda! E sigamos para o próximo desafio. 


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Que, aliás, conto com a ajuda de quem me lê (nada mais justo já que eu acabo mesmo despejando tudo por aqui.) Qual será minha próxima leitura?



Opção 1
Mário Quintana - Antologia poética

Porque marido me disse que para ele é uma das referências de escritor e eu sou petulante.







Opção 2
Elisabeth Roudinesco - Freud - mas porque tanto ódio?

Porque para viver com uma cabeça como a minha só crendo muito que, ao menos, Freud, explica!






Opção 3
Edney Silvestre - A felicidade é fácil

Porque quem escreve bem um merece o benefício da dúvida para o segundo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

E a gente, o que sabe mesmo?


Ontem, quando cheguei em casa, meu filho mais velho olhou para mim e disse: “mãe, posso terminar de ver esse filme?”. Ainda eram 20hs e sua hora de durmir é as 21hs. Pode, porque não? Logo depois comecei a me tocar de que todas as vezes que eu chego em casa ele está vendo um filme. Como no final de semana antes do hallowen ele veio me contar , com brilho nos olhos, que ia passar Coraline no Cartoon, fico toda prosa e morro de orgulho quando penso que meu filho é um mini cinéfilo!



Penso no tamanho da influência que os pais tem em relação ao gosto dos filhos. Meu marido me contou que aos 12 ia com minha sogra ver Woody Allen no cinema e que sempre gostou de investir duas horinhas do seu tempo em frente a telona (ou telinha!). Meu irmão sempre me disse que sua maior influência musical tinha sido nosso pai (não por ação em si mas por gosto mesmo). E eu? Filha de chocadeira? Brincadeiras a parte, estou realmente fazendo um esforço para exigir menos de mim como mãe quando me concentro nos exemplos que dou para os meus filhos. Nunca vi livros na minha casa, ninguém é das letras e muito menos amante de cinema. Eu adquiri isso ao longo da minha vida, escolhas e influências que encontrei pelo caminho (como nome e sobrenome nesse caso, minha amiga divisora de águas Litza Godoy). Estaria eu exagerando no tamanho da importância dos pais no gosto dos filhos? E, se eu não tiver, quem sou eu para determinar o que vai ser importante na vida dele?


Querendo ou não os pais sempre tem uma tendência natural de achar que realmente sabem o que é bom para os seus filhos. E, por mais que me doa, eu não fujo a essa regra não..

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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"