quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Será a morte da dona coruja?!

Eu, bicho carpinteiro assumido, voltei a estudar depois de 3 anos fora das salas de aula. Como, mal sei explicar, em uma brecha entre o final do expediente do trabalho e a hora do sono das crianças, lá vou eu para meu revival universitário.
Preciso dizer que muito me assustei em como as coisas em tão pouco tempo mudaram. Me lembro de um período em que a hierarquia entre o aluno e o professor era algo marcante e irrevogável. Hoje vejo uma certa trapalhada, professor tentando ser acessível ao aluno e aluno tentando ensinar para professor. Bons eram os tempos em que a gente sabia que não sabia de nada.

Na verdade, daquela bem lá do fundo, eu não curti muito esse novo ambiente não. Era para achar bom, diz-me meu lado racional, pensa bem: o diálogo é promovido com mais facilidade, os professores precisam se preparar mais tanto para os questionamentos quanto para a penetração na cabecinha da geração y (coisa estranha essa geração). Se demanda mais trabalho, aperfeiçoa e isso é sempre bom. Mas, na bucha mesmo, o que eu vejo na prática é um bando de jovens adultos querendo discutir por discutir. Porque eles tem muita voz, eles querem muitas coisas e eles acham (de verdade!) que já sabem muita coisa. Por outro lado, vejo professores mais ansiosos, até impacientes, com uma aflição muito grande de se adaptar a nova produção de informação. Muitos, até onde eu soube, não se adaptaram. A FACHA na virada de período mandou embora professores antigos da casa (a maioria me deu aula, inclusive), professores que, segundo a nova administração, não conseguiram se adaptar a modernidade.


Engraçado... E eu cheia de lembranças boas das minhas aulas de estética com a Rosângela onde aprendi que valia mais a pena ficar dias estudando um único quadro do Cézanne do que lendo o perfil dos meus amigos no Orkut (na época era o que bombava). Essa mesma aula que me fez colocar uma obra dele no meu blog, 5 anos depois. Cezánne + blog, Cultura + modernidade.

Só tenho a dizer que, comigo, funcionou. Tudo bem, eu sou a geração do meio, eu ainda valorizo muito o que não está online. Eu fiz minhas pesquisas de escola na biblioteca e carregava uma mochila mais pesada que eu, cheia de livros. Vai ver eu não entendo nada mesmo do que a nova geração precisa para se entreter.

Mas confesso que estou bem curiosa para saber como os novos professores estão se preparando para suas aulas. E olha que duas das minhas melhores amigas são professoras e ainda assim eu não sei. A gente ainda anota no caderno ou leva ipad? A fila da Xerox ainda é enorme ou lemos as resenhas das bibliografias da internet? Os novos alunos ainda tem tempo para ler livros?

Coincidência ou não, em uma das minhas aulas – Antropologia do Consumo – fui indicada pelo meu jovem professor Márcio Serafim à leitura do livro “Cultura Popular : uma introdução” do Dominic Strinati. Ainda vou falar muito dessa leitura por aqui mas, por enquanto, para contextualizar, explano uma das citações do livro, de Leavis, pg. 35:

“...Mas o que a primeira vista parece banal torna-se sério quando constatamos que o público em geral (...) não tem atualmente a menor noção dos interesses da literatura, ignora seu desenvolvimento e é incapaz de acompanhá-la, e que, a minoria crítica, que se tornou a única responsável pela literatura moderna, está isolada, rejeitada pelo público em geral e ameaçada de extinção. A poesia e a análise literária não são lidas pelo leitor comum; o drama, como literatura, está morto, e o romance é o único rama da literatura que permanece favorecido”.

Acho que termino por aqui. Ah! Com uma última observação. Esta citação foi feita em 1932. Atualize-se e acho que dá para entender o tamanho do problema.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aí...

Faz parte dos meus “to do’s” organizar a minha vida e conseguir encaixar tudo aquilo que eu tenho o dever e a vontade de fazer. Eu, mulher ultra moderna e super atarefada, claro, não dou conta de tudo e mais uma vez volto o pensamento para o fato de como o mundo está ao contrário e (vai Nando!) ninguém reparou. Porque parece que só eu tô reclamando?
Aí, olho para o lado e percebo que só eu to reclamando porque eu sou a única que perde parte do seu tempo questionando o inquestionável. Talvez por isso não dê tempo de fazer tudo o que eu quero.
Aí, penso que eu é que não sei administrar o meu tempo. E se eu sou naturalmente incapaz de fazer algo tão básico preciso urgentemente identificar a raiz deste problema para tentar acabar com isso já!
Aí, tento escrever, agendar, priorizar. Focar, organizar, economizar. Planejar, reduzir, otimizar.
Aí, eu fico toda feliz com todo o meu planejamento e parto para o meu primeiro dia de nova vida.

Meu filho fica doente. Meu cliente reduz meu prazo. Minha babá falta. Acaba o leite na geladeira.

Aí, subentendo, pessoa inteligente que sou: O que vira o mundo ao contrário são os imprevistos que encontramos pelo caminho. E, continuo, pessoa teimosa que sou: A forma com que você lida com eles é grande parte do que a gente chama por aí de felicidade.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Não é uma opção, não é uma opção..

Quando vinha no ônibus oscilava os pensamentos sobre a necessidade ou não de ir ao encontro. Em cada curva uma nova linha de raciocínio. Primeiro se lembrava de todo o trabalho de auto ajuda que fazia consigo mesma, de como sempre deixava tudo de lado em uma primeira dificuldade. Repetia: não é uma opção, você tem que ir, não é uma opção. Mas acontece que era uma opção. O problema de termos uma cultura folgada é que ela nos permite muitas fugas e, pior, oferece todas as desculpas. Tá todo mundo estressado, ninguém tem tempo para nada. Na prática isso significa que toda e qualquer pessoa pode justificar suas falhas com este argumento super razoável. Quem vai te julgar?

Ela se esforçava de verdade mas a cabeça da gente é uma parafernalha ardilosa. Quanto mais colocamos objetivos à frente mais buscamos recursos para se esquivar deles. A sensação de fracasso passa a ser constante. No meio do mantra e do esforço mental de se mostrar que ela, sim, estava se enganando mais uma vez, vinha uns flashes insistindo que ela já teve um dia de cão e dessa vez, só dessa vez, merecia um descanso. Era uma exceção, claro, uma exceção. Na próxima vez ela não faltaria de forma alguma!

Quando a vida das pessoas vira uma página dos 10 passos do AA a gente já pode gritar por ajuda divina?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Do mestre a mais direta discípula

“...Não tenha a preocupação de fazer obras primas, que de há muito eu já perdi, se é que algum dia a tiver, mas só e simplesmente escrever sem justificação. Isto é muito melhor que traduzir Proust, distração que não distrai, porque é chata como toda tradução, e acaba nos desculpando muito fracamente perante nós mesmos de não havermos escrito por nossa conta e responsabilidade.”

Até Drummond se sentia diminuído perante a genialidade alheia. Absorvendo sua humildade, tomo o conselho para mim com muito foco: escreva e escreva sempre, sobre qualquer coisa. Da mesma linha do leia tudo o que puder, nem que seja bula de remédio. Pode parecer bobagem mas a vida fica mais clara, a gente fica mais leve e muitas coisas passam a fazer sentido depois de cuspidas no papel (ou, vá lá, tela).

Já falei aqui que estou relendo Dom Casmurro, não? Minha terceira vez. De longe, minha favorita. Como podemos pedir para nossos adolecentes que o entendam em meio aos hormônios saltitantes que lhes ferve? Da sutileza do amor que Bentinho sentia por Capitu enquanto ainda eram crianças. Do "passar a ser homem" apenas aos 15 anos de idade. Eu, em primeira visita à casa de Matacavalos, não senti nada do que hoje sinto. Não o achei um gênio, me lembro de o achar simplório. E só um cabecinha imatura emocionalmente pode não perceber a magia e a dificuldade em se fazer o simples.

Machado e Drummond me inspiraram hoje. E ainda bem que eles existem porque às vezes a vida real não é nada fácil de digerir.

Boa terça! E leiam! E escrevam! E nunca, nunca roubem os óculos do Drummond em copacabana nem admirem um comercial que representa Machado branco. É preciso respeitar os mais velhos, os mais velhos já diziam. Imagina os gênios.




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ah! o tédio..

Hoje, no Globo, li uma matéria excelente que, por um punhado de razões, me deixou bem impressionada. De título “Ah, o tédio!” (a exclamação fica por minha conta, pois todo jornalista sabe que em título não se coloca pontuação. Eu, que sou uma, embora mambembe, a coloco no seu devido lugar, mas minha culpa me faz sinalizar meu erro aos quatro ventos... Ah, a culpa!) ela traz uma entrevista com a diretora de interação e experiência da Intel Labs, Genevieve Bell, que, para a minha primeira surpresa, é antropóloga. Choque sim, uma diretora de interação antropóloga? Seria super comum e muito pertinente se não estivéssemos falando da Intel e, consequentemente, de tecnologia. Minhas sinapses deram um pequeno curto, confesso, mais ainda quando descobri que o conteúdo de entrevista falava sobre a necessidade do tédio e de como a tecnologia está acabando que este precioso momento.

Me senti aliviada! Não tem um único dia que eu não me sinta frustrada por achar que não estou acompanhando o avanço de tudo: aplicativos, redes, leituras, novas formas de fazer, de pensar, geração Y! E eu sem saber em que geração mesmo eu me encaixo. Eu gosto muito de tecnologia, mas estou sempre um passo atrás e me sinto muito cansada de não saber tudo o que eu gostaria. Então eu li esse texto e descobri que em 2008 a App Store tinha 500 apps e hoje, 3 anos depois, tem mais de meio milhão. Antes de você culpar o povo da maçã mordida, saiba que com o Android não é muito diferente. Em março de 2009 havia 2.300 aplicativos e hoje há mais de 250 mil! Tem outros números cheios de zeros na matéria, estou colocando o link aqui para não abusar do ctrl C + ctrl V. Vale a pena ler na íntegra!


Em contra ponto a todos os giga números, a diretora relembra o filósofo Martin Heidegger que lá em 1929 apontou o tédio como um estado fundamental do ser humano. Ela afirma que o tédio funciona como um reset no nosso cérebro, o momento de assimilação ou, como diria meu professor de teoria literária Ivo Lucchesi, maturação. Alguns papos se convergiram na minha cabeça: faculdade + o globo + analista (!!) todos me dizendo que a vida está superficial, que ninguém tem TEMPO de entender tudo o que faz e que o mal da nossa (minha também?) geração é a dispersão e superficialidade. Assino embaixo, parece lógico. Só faltou alguém dizer como é que a gente luta contra isso. Eu não quero ser superficial nem viver cansada ou com a sensação eterna de estar um passo atrás. Mas eu to aí, contemporânea dessa galera toda, que assim vive, e somos obrigados a se adaptar. Será que a consciência de um problema consegue me aliviar um pouco o peso dele?

Não dá para se iludir. Viver em um mundo muito diferente do que ele é não é nada além de utopia. Não, eu não estou pregando o conformismo, estou apenas tentando encontrar um meio termo, uma forma de me manter inserida sem fugir do que eu considero fundamental para mim. Eu preciso de análise, conclusões, pensamentos comparados que me levam a um próprio.

Pensamento próprio. Me dá uma certa agonia imaginar que isso possa virar item de museu mental na cabeça da geração do meio termo (olha eu inventando mais uma geração!). E eu, que estou relendo Dom Casmurro pela terceira vez, tenho um blackberry conectado ao MSN, facebook e twitter full time, agonizo todos os dias por um ipad mas não abro mão da minha estante de livros feitos de papel.

Tempo, dispersão, superficialidade, maturação, pensamento próprio. Para uma manhã de segunda feira lendo a capa do caderno de economia do O Globo estou começando a achar que minha semana vai ser mais interessante do que o previsto.

Boa semana a todos!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

meu amor

Amanhã é aniversário do meu amor, meu primeiro amor, quer dizer, meu segundo amor já que o primeiro amor, como o de toda menina sortuda, é meu já tão velho pai. Meu segundo amor, me deu meus amores seguintes e me fez uma daquelas pessoas que acham que carregam um mundão de felicidade nas costas por ter tantos amores. Meu amor merece todos os presentes possíveis mas eu sei que depois de tudo o que a gente já passou junto não tem nada mais que eu possa presenteá-lo. Tudo hoje é pequeno, é consertável, justificável, aceitável, porque eu tenho meu amor.
Vou cozinhar para ele. Vou sim. E vou fazer-lhe um bolo. Se eu conseguir encher a vida do meu amor de doce, que nem boca boa de criança, me darei por satisfeita. Ele também merece balões. Coloridos e de gás. Para amarrar no pulso e depois criar-se coragem e o deixar voar alto pelo céu. Ele voa, a gente acompanha, e finge que para sempre vai voar cheio e colorido. Porque meu amor é cheio e colorido. E para sempre vai voar no céu. Com gosto de brigadeiro.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Do tipo de coisa que pira a cabeça das pessoas: Duas aulas, uma seguida da outra.
A primeira, Nietsche, Dom Casmurro, bomba atômica, cântico da redenção, a máquina da loucura.
A seguinte, uma bela tela de Mac com uma imagem escandalosamente bem trabalhada sendo ainda mais trabalhada por você. É assim que se escreve um texto, está é a melhor forma de se manipular uma imagem, ESSE é o poder do command z.

Na lata. Viva com esse barulho, pessoa que pensa.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tá no globo online de hoje, a enésima pesquisa sobre a vida da mulherada moderna:

http://oglobo.globo.com/economia/boachance/mat/2011/09/06/mae-com-carreira-profissional-mais-realizada-do-que-quem-so-trabalha-fora-para-ganhar-dinheiro-925297206.asp

Mães profissionais X Mães que precisam do dinheiro X Mães que não conseguem ficar longe dos filhos
Alguém arrisca uma categoria vencedora??

Da nossa relação com a comida.

Pois é. Mais um texto autopiedoso. Não pude me conter depois do sonho que tive essa noite. Não é novidade ter uma noite agitada sonhando com trabalho ou com alguma função não feita no dia, alguma pulguinha mordendo sua orelha, alguma culpa remoendo seus REMs. Mas, e quando tudo se mistura? Minha madrugada foi regada a um misto de trabalho com comida, ou seja, o sonho era eu, cozinhando um prato super light (cuja receita eu não conseguia acertar de jeito nenhum!) no meio do meu trabalho, com uma super pressão para me fazer ouvir, olhando no espelho para ver como minha barriga estava se comportanto naquele ambiente cheio de comida.
Se tenho sérios problemas psicológicos? Não não tenho. Mas, atenção para o clichê, sou mulher! Só consegui, de uma forma tão neurótica que tenho até medo de levar para análise, reunir em um único sonho um punhado pequeno de todas as paranóias que as mulheres carregam na mochila todos os dias.
Vou focar na nossa relação com a comida, até porque não seria saudável me estender em tanta coisa fora do lugar.

Eu amo comer. Você, aposto, também ama. O cheiro, o gosto, a sensação de saciar o corpo, o desejo, a gula, a transferência: tudo o que se relaciona com comida é bom demais e nos tendencia constantemente, ao abuso. Se abusamos, engordamos. Se engordamos, alerta ligado a estética errada! E a saúde? Somos bombardeados diariamente pela urgência de saúde.
Eu tenho dois filhos e, só este fato já me faz prezar pela minha saúde muito mais. E pela deles, tenho que dar o exemplo! E você acha que eu me conformo com o corpo pós maternidade? Claro que não, muita coisa ainda o envolve e faço questão de mantê-lo ao menos confortável para meu espelho.

Só me resta regular meu relacionamento com a comida. Eu a amo, ela me ama. É como uma droga que está em cada esquina. E eu não posso! Vocês entenderam? EU NÃO POSSO!

E não posso porque? Porque não sou bem resolvida o suficiente para assumir uns quilos a mais ou porque sou responsável ao extremo ao me preocupar com meu corpo e minha qualidade de vida a longo prazo? De um jeito ou de outro, a culpa me corrói sem dó nem piedade.

Os nutricionistas, médicos e afins nos falam que precisamos mudar nosso estilo de vida: praticar exercícios regularmente, controlar o açúcar, o álcool, a gordura, blabla. E nossa cabeça com toda essa mudança? Quem cuida da frustação, do "não-poder", da restrição? Analista? Ah, tá..

Não adianta fingir que essa mudança no "estilo de vida" é algo sem traumas, mesmo que feito sem exageros. Somos humanos e tudo o que é proibido nos é irresistível. Não vou nem falar sobre a negação que envolve o "tem que fazer" das dietas e dos exercícios. Mais uma vez (e estou chegando a conclusão de que posso encerrar todos os textos do mundo com essa frase) é uma questão de escolha. De um jeito ou de outro o caminho escolhido irá te privar de alguma boa sensação, seja o prazer de comer uma panela de brigadeiro em um dia frio, seja a de estar tranquila com um resultado de exame de sangue.

E, bad news, se tem uma coisa que mulher tem muita dificuldade em admitir é que ela não pode tudo...

terça-feira, 6 de setembro de 2011


Para ilustrar o bom humor da povo brasileiro (saindo um pouco do imaginário carioca) segue minha homenagem aos baianos dependentes de coletivos, tal como eu.

É isso aí galera! Tudo nessa vida é ponto de vista...
Quem anda sabe o grande equilíbrio interno que é preciso ter quando se encara o transporte público no rio de janeiro. Eu, que há muito havia abandonado essa vida, me vi obrigada e retornar no modelo mais heavy, aquela associação sacal entre trânsito e ônibus lotado, no auge das temperaturas desreguladas: ou se está muito frio ou insuportavelmente calor.

Voltei a entender as piadas internas do facebook: já sei porque as pessoas querem doar fones de ouvido e saquei porque muitas mulheres andam com o salto alto da bolsa. As unhas do mindinho continuam maiores que as demais e os motoristas ainda arrancam com suas máquinas enquanto você está no segundo degrau da escada.

Tem o velho esfrega-esfrega, tem nossos amados cínicos fingindo sono para não ceder lugar. E muitos, muitos! idosos e mulheres com crianças de colo. Principalmente se no seu trajeto você passa por copacabana.

Como não poderia ser pior, para dar um ar mais clean a nossa linda cidade, resolveram que era uma boa idéia padronizar as cores e alterar algumas numerações das linhas. Em primeiro lugar, vamos combinar que bege não é uma boa cor padrão para nada. Já não basta a tristeza de precisar do mercedão eu ainda tenho que fazer sinal para um tom pastel ambulante. Como se já não bastasse, eu, cega que sou, perco ônibus incessantemente! Ele vem, ele é bege. Eu olho, fixo o olhar. O painel luminoso me ofusca a vista e eu não tenho a certeza se aquilo é um 8 ou um 3. Ele vem, tá chegando: chamo e corro o risco de ser ofendida publicamente por um motorista super educado ou arrisco meu levantamento de dedão em cima do laço. Como fico constrangida com muita facilidade, aguardo. Meus queridos, adivinhem: ele não para!

Basicamente pego ônibus de carona no dedão dos outros. O ponto mais cheio é sempre meu destino final.

Mas nem tudo são espinhos! Não... a de se elogiar as iniciativas em benefício do povo. Palmas para as fachas exclusivas (ainda poucas, ok, mas fazem diferença por onde passam), para os guardinhas da cet rio e seus apitos cheios de gás. Eu que trabalho no terceiro andar no coração de Ipanema sou testemunha do fôlego dos rapazes. E, novidade que me pegou de surpresa no início desta semana e que espero do fundo do coração que vire uma regra: demarcaram os pontos! Sim, pessoas que não andam mais de ônibus, pasmem como eu pasmei! Organizaram a bagunça por aqui e o motorista não para por nada fora do seu ponto padrão (e, claro, também não para mais fora dele!). Eu sou obrigada a andar 2 quarteirões para ir embora mas preciso assumir que os ônibus estão mais vazios e o trânsito mais organizado.

Passo 1 dado. Antes tarde do que nunca. E eu, confesso que, além de otimista com o futuro de minha cidade amada, estou orgulhosa de mim: inabalável, aprendi até a fechar os olhos e relaxar no meio do caos. Ioga que nada, buda na mente é não ter nenhum músculo contraído, olhar sobresaltado ou bolsa agarrada ao peito durante seu caminho diário. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um pouquinho de genialidade para animar nossa segunda feira.

"Sobre café e cigarros", Jim Jarmusch
Bem vindos ao um pequeno mundo onde o que realmente importa é aquela respirada antes de acordar de manhã. Sim, porque sem ela, a gente perde a cabeça.. é tão fácil perder o norte, escurecer a vista, esquecer de todos os princípios básicos de auto sobrevivência.

Tudo conspira para que o mundo gire em torno do nosso umbigo.

Mas não nos enganemos. É o mundo em que vivemos, onde criaremos nossos filhos: Muita informação, pouca digestão, nada de maturação.
Se você não fica confuso, ou me mente ou é um grande demagogo, talvez um cínico, ou apenas alguém que foge de suas verdades. Seja quem for, apenas se lembre: antes de qualquer passo adiante, qualquer grande ou pequena decisão, quando o sangue ferve e quando você tem a certeza de que não pode deixar as coisas como estão. Só me prometa uma coisa: senta antes e toma um café.


Obs: imagem by Paul Cezánne

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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"