domingo, 22 de janeiro de 2012

A cumplicidade da Rosa

Foi rodando atrás de um presente de aniversário para uma grande amiga que me deparei com o novo livro da Rosa Montero na prateleira. Achar um bom livro, daqueles que você tem vontade de abrir na livraria mesmo e não parar de ler, é uma das raridades que mais me deixa feliz quando esbarro. Me lembro bem da primeira vez que isso aconteceu, foi na escola, lendo "Olga", do Fernando Morais. Minha primeira compulsão literária, mesmo com os olhos pesados de sono ficava me repetindo "Só mais um capítulo, só até acabar esta dezena..." E em apenas dois dias finalizei o danado entre lágrimas. Tirei 10 nesta prova (professor Igor, de literatura, como eu amava esta aula!) e foi tão fácil que ali mesmo comecei a desenhar na minha cabeça que talvez aquele fosse um caminho bacana para seguir como profissão. Minha obsessão por biografias também começou nesta livro e até hoje corro atrás de tudo o que o Fernando escreve. Grande parcela por gratidão (eu ainda não li o último - "Os últimos soldados da guerra fria" - por um momento de distanciamento com o momento histórico que ele narra, mas corrigirei esta grave falha tão logo isto passe e darei notícias).

Com a Rosa aconteceu algo parecido. Esta mesma amiga que presenteei foi quem me apresentou a ela com o titulo "A Louca da Casa" há uns 6 anos atrás. De longe, uma das combinações livro-momentodevida mais especiais da minha vida. Li em um final de semana e chorei de novo, não pelo nível sentimental da história - que para mim é zero - mas, simplesmente, por ter acabado. Queria mais, queria ligar para ela se pudesse, queria agradecer por ter perdido meses (anos?!) da sua vida se dedicando a entender a criatividade. Top 5, começou a disputar lugar com Clarice (Lispector) e Simone (Beauvoir). Sem mais, calo-me. Ela é foda.

E foi sob este presságio de novos e bons tempos para 2012 que fui agraciada com "Instruções para salvar o mundo" no dia 05 de janeiro na livraria em frente ao São Luíz, no Largo do Machado. Mais felizarda ainda fui eu, ao entregar meu presente na memorável noite no karaokê da feira de São Cristóvão, quando percebi que minha querida amiga sequer sabia da existência do novo livro. Vi os olhinhos dela brilharem, que delícia!, como o vendedor da livraria deve ter visto os meus. As palavras foram "Vou devorar!" e tudo fez sentido rapidamente.

Quem explica essa relação estranha entre a pessoa e o objeto amado? Como justificar a cumplicidade dos poucos que conseguem ser tocados da mesma forma por alguma forma alheia a nós?
Se você, que me lê, não me entende, transfira e tudo vai ficar mais claro. O que você ama ou, como diria a headline do Pão de Açúcar, o que faz você feliz? O mundo se divide em grupos de pessoas que compartilham gostos parecidos e achá-las deixa nossa vida mais doce.

Um boa semana para todos com um secreto desejo de cumplicidade embutido.

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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"