segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

José e Pilar

Não, não é novo mas nem por isso é menos tocante. Quem viu o documentário sobre um pedaço da vida de Saramago e sua mulher, Pilar, sabe do que estou falando. Fui ver ainda grávida, com uma grande amiga, faz pouco mais de 1 ano. Dia de semana, cinema alternativo, quase ninguém na sala. Por isso mesmo deu, claramente para escutar todas as vezes em que nos emocionávamos, riamos ou suspirávamos. E foram várias vezes, isso eu e todas as 4 pessoas na sala podem garantir.

Me lembro de ter saído de lá com uma sensação muito gostosa, uma cumplicidade bonitinha que quase remetia à infância, com um forte sentimento de pé descalço para chinelo velho. Eu, que de romântica tenho quase nada, sempre busquei para a minha vida algo que me desse paz para contrabalancear meu temperamento agitado. Relacionamento é cumplicidade, é olhar para a mesma direção, é simbiose de alma. Não é ser igual nem abaixar a cabeça, nem deixar quem se é e o que se deseja para si em um buraco negro da existência. Saramago e Pilar, coisa fofa de casal, eram mais ou menos assim: ele, cândido senhor, ela apaixonada mulher. Ele, calmo e convicto. Ela, agitada e mais convicta ainda. Viveram felizes e cuidaram um do outro. Enquanto puderam.
Não sei da onde vem essa força que atrai as pessoas. Sinto inveja dos religiosos que creem em vidas passadas, e ligações cármicas que atravessam a morte e todas as nossas supostas vidas. Para mim, que de crédula tenho quase nada, resta a ignorância intelectual sobre o que se sente. Amo você porque amo, ora bolas! Ainda bem que me contento com, ao menos, essa dúvida.

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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"