domingo, 5 de fevereiro de 2012

Conversa de salão

Conversa de salão é um troço tão curioso que andou virando até tema de programa de tv. Ironia das ironias, ouvi um diálogo sensacional enquanto me embelezava para apadrinhar, pela sétima vez, o casamento de um casal muito querido. Já na vibe casamenteira que nos tira o pé do chão e nos faz cair em lágrimas no altar vendo as juras de amor, estava particulamente emocionada quando resolvi prestar atenção na conversa da cadeira ao lado. Uma mulher, algo em torno dos 50, com bob nos cabelos urgia à colega ao lado, fatalmente mais nova:
-E foi aí que eu pensei: vou levar um café da manhã na cama para ele, faz anos que não faço isso.
-É importante manter o carinho no relacionamento - complementava à inocência a mocinha, tentando mostrar experiência.
-Não, querida, aí é que está. Eu pensei em levar o café e logo cai na real. A gente não pode alimentar esse tipo de comodismo. O homem vira logo mau marido e mulher nenhuma resiste à mau marido. Dei-lhe logo três tapas na perna falando: levanta que já são 6hs! Vai fazer tua torrada que eu tô cheia de louça para lavar.

Voltei a real, que maldade. Bem na hora em que eu estava me lembrando de como é fofa a auto ilusão.

Imaginei esse cara acordando, já puto da vida, olhando para ela com ódio e pensando: casei com uma péssima mulher e homem nenhum resiste a uma péssima mulher.

Dá para perceber o ciclo, não dá? Como um café na cama pode contribuir para uma nova perspectiva sobre o outro. O olhar é, de fato, tudo.

Mia e Thiago, queridos amigos e, agora afilhados. O casamento de vocês foi um sonho, realmente bonito. Que a realidade de vocês saiba equilibrar o romance e que vocês não precisem se auto controlar em gestos espontâneos de carinho. Fiquei com pena da mulher de bob no cabelo mas confesso que a consigo entender. A preocupação em dar mais do que se recebe muitas vezes dita as nossas ações e mata, de verdade, nosso conceito de romantismo. A gente fica seco e incrédulo e se sente infeliz por não viver o amor que choramos nos casamentos dos outros. Esse mesmo amor, que se escondeu nesta bandeja de café da manhã e que a gente não sabe aonde foi parar. Passamos a invejar as probabilidades do outro e esquecemos de trabalhar pela nossa.



"O meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria" canta o hino dos Paralamas e não é a toa que essa música sempre fez tanto sucesso (e continua fazendo!). Todo mundo acha que estar ao lado de alguém basta e espera que o outro se baste com isso também. Eu não acredito em resultado sem dedicação. No pain no gain.

Uma semana de muita dedicação a todos.


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"No meio do caminho tinha uma pedra... tinha uma pedra no meio do caminho"